Recursos argumentativos
(TEXTO DO CURSO DE HISTORIA – UNIMES)
Dizem que opinião não se discute. Até certo ponto, isso é
verdade, já que é direito de todos ter e externar um ponto
de vista. No entanto, os argumentos que sustentam uma
opinião podem ser discutidos, questionados. Por isso, ao elaborarmos uma
dissertação argumentativa, na qual procuramos demonstrar a validade de
um ponto de vista ou defender uma tese sobre determinado tema, é necessário
que a argumentação esteja bem estruturada, tanto na escolha
pertinente dos fatores que justificam a opinião dada quanto no raciocínio e
na linguagem que os apresentam. É importante que os argumentos escolhidos
harmonizem-se com a totalidade do texto, garantindo sua coerência
e evitando possíveis refutações de um leitor crítico.
O conhecimento de alguns dos principais procedimentos argumentativos
pode ser, portanto, muito útil no momento em que produzimos um texto
dissertativo, em especial o dissertativo-argumentativo.
Em vários campos do conhecimento, existem “verdades” que não são
questionadas. Por exemplo, você questionaria a seguinte proposição:
A=B; B=C; portanto A=C? Creio que não. Mas não é só nas ciências
exatas que existe esse tipo de afirmação. Há certas proposições com as
quais todos concordam, como: Toda criança precisa estar bem alimentada
para conseguir um bom desempenho escolar. Ou ainda: A educação é fundamental para o desenvolvimento de um país. Quando lançamos mão de
afirmações desse tipo com o objetivo de justificar nossa opinião, estamos
usando um argumento de valor universal, isto é, argumentos baseados
no consenso. Portanto, além de relevantes e adequados, não admitem
emoções, preconceitos, crenças (marcas de subjetividade) nem lugares comuns.
O argumento de prova concreta, por sua vez, é aquele que se sustenta
em fatos de conhecimento geral, dados, estatísticas, leis. Todas essas
informações, quando utilizadas em um texto argumentativo, devem ser
exatas, com respaldo na realidade. Além disso, é preciso interpretá-las
com atenção para ficar clara a sua pertinência e para não se tirar delas
inferências ou generalizações descabidas.
Às vezes, quando defendemos uma idéia, procuramos conhecer o que especialistas no tema já disseram. Então, fazemos citações diretas ou in98
diretas desses autores. Nesse caso, estamos usando um argumento de
autoridade – aquele cuja base de sustentação está no pensamento alheio.
A citação de autores renomados, de autoridades em determinado assunto,
é positiva na medida em que revela um produtor de texto não só bem informado mas também capaz de relacionar seu próprio pensamento com o de
outra pessoa, encontrando neles ponto de contato. No entanto, é preciso
que a citação seja realmente adequada e bem aproveitada no contexto do
trabalho – ela não substitui a argumentação pessoal do produtor do texto.
A maioria dos autores que estudaram (e escreveram sobre) a argumentação
arrolam ainda outros argumentos, entre eles o da competência lingüística
e o do raciocínio lógico.
Em princípio, tanto o raciocínio lógico quanto a competência lingüística
devem estar presentes em qualquer tipo de texto (seja ele argumentativo
ou não). Ambos passam a ser recursos argumentativos quando existe,
evidentemente, essa intenção.
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